Poderíamos
perguntar: “E quanto àqueles que estiveram no centro divino de reunião, mas se dividiram
formando outra comunhão de reuniões? Eles ainda se reúnem como nós, no que se
refere ao funcionamento. Então eles estão reunidos ao nome do Senhor e têm a
presença d’Ele em seu meio no sentido coletivo de que temos falado?”
A resposta
curta é não. Aqueles que saem do centro de reunião em uma divisão não poderiam
mais estar reunidos ao nome do Senhor. Mesmo que exteriormente eles pareçam iguais
àqueles que estão no centro (na maneira como se reúnem), isso em si não é
suficiente para ter a sanção do Senhor. É possível reunir-se de acordo com o
padrão bíblico para os Cristãos, mas fazê-lo por vontade própria. Tal divisão
entre o povo de Deus não tem a aprovação do Senhor da mesma forma que uma
igreja denominacional não tem. Na realidade, os que saem do centro divino de
reunião e organizam uma divisão são mais responsáveis por suas ações do que
aqueles que estão nas denominações, pois tiveram consideravelmente mais luz. Os
homens podem criar mais de uma expressão da verdade do um só corpo,
estabelecendo uma mesa cismática, mas o Espírito de Deus não os levaria a fazer
isso. Cristo não possui um só corpo de fato, e muitos corpos em testemunho. O
apóstolo Paulo perguntou, “Está o Cristo dividido?” (1 Co 1:13 – JND) “O
Cristo” é
um termo usado nas epístolas de Paulo que indica a união mística de Cristo e os
membros de Seu corpo. Paulo estava indicando aos coríntios que essa união não
pode ser dividida na realidade e não deveria ser em testemunho, que é o que
estava acontecendo em Corinto.
Portanto, à luz
do que a Escritura ensina, não cremos que o Espírito de Deus iria congregar os Cristãos
em várias federações de reuniões sem que esses grupos estivessem em comunhão
prática uns com os outros, ainda que exteriormente eles parecessem iguais. Se Ele
fizesse isso, seria uma contradição da própria verdade na qual Ele está
buscando levar os Cristãos a andarem. W. Potter disse, “O Espírito de Deus não
reúne em grupos independentes; se Ele reúne você e a mim, então estamos em
comunhão um com o outro.”
Nas Reuniões Gerais
de Ottawa (em Abril de 1987), foi dada a seguinte ilustração. “Se voltássemos
ao início – ao dia de Pentecostes – quando o Espírito de Deus desceu e uniu as
120 pessoas em um só corpo, e todas elas estavam reunidas ao nome do Senhor
Jesus Cristo; suponha que Pedro tivesse tido um desentendimento com João, e
decidissem estabelecer comunhões separadas. Então haveria uma companhia que
seguiria Pedro e uma companhia que seguiria João. Será que poderíamos dizer que
o Espírito iria conduzir alguns a irem para uma delas, e alguns a irem para a
outra? Ou que o Senhor estaria igualmente aprovando a ambas? Não cremos que o Senhor
iria sancionar ambas as comunhões com Sua presença no meio delas, pois ao
fazê-lo, Ele estaria consentindo na divisão prática da Igreja. Se Ele sancionasse,
Ele seria o Autor da confusão.” J. N. Darby disse que “se existir uma tal
[assembleia local], e outra for estabelecida pela vontade do homem de forma
independente, somente a primeira é moralmente, aos olhos de Deus, a assembleia de Deus, e a outra absolutamente não é,
porque ela está estabelecida em independência da unidade do corpo.”
Muitos grupos
Cristãos professarão estar reunidos ao nome do Senhor. Alguns até mesmo colocarão
um sinal na frente de seu local de reunião proclamando que eles são os santos
que o Senhor reuniu. Mas isso significa que eles são? O Sr. Potter disse: “As
pessoas dizem, ‘Estamos reunidos ao nome do Senhor.’ Vamos ver se vocês estão. Como
vocês se tornaram reunidos ao nome do Senhor?” Se você colocar à prova os grupos
cismáticos entre os chamados “irmãos”, você vai descobrir que existe uma razão
pela qual eles estão onde estão. O Sr. Potter disse, “se houver dezenas de reuniões
em uma cidade, devemos voltar à origem da reunião.” Ele disse, “Qual é a origem
de tal e tal reunião? Por que estão se reunindo separadas das outras? Sua
posição tem fundamento na Escritura?”
Notamos que
cada grupo divergente que abandona os santos reunidos em uma divisão descarta a
verdade de que existe um centro divino de reunião; são obrigados a fazer isso para
poderem justificar sua posição divergente. Como exemplo, quando perguntaram a Samuel
Ridout (que saiu em uma divisão) por que os irmãos com quem ele estava apoiaram
Grant nessa divisão, ele disse, “Em 1884 muitos de nós, antes da divisão, tinham
o pensamento comum de que NÓS tínhamos a mesa exclusivamente e não devíamos permitir
que ela passasse em branco nem um dia sequer. Achamos que isso tinha algo a ver
com a pressa de partir o pão, sem interrupção, em Craig Street, Montreal.
Alguns meses depois, ele escreveu outra carta sobre o que ele acreditava
constituir e caracterizar a mesa do Senhor, dizendo que “nenhuma companhia pode
reivindicar a posse exclusiva dela”. Aqui, o Sr. Ridout admite que eles costumavam professar a verdade de uma única mesa do Senhor, mas depois
a abandonaram. Observe também que o Sr. Ridout disse “o pensamento comum...”.
Ele admite abertamente que a verdade de um único centro de reunião era comumente professada entre os irmãos. Ele erroneamente pensa
que os irmãos em geral (inclusive ele mesmo) estavam errados na sua crença em
uma única mesa do Senhor e somente após ele e seu partido saírem em divisão é que
aprenderam a verdade!
E, novamente,
uma citação de uma publicação de Grant (“The
Gleaner”) em 1914 diz, “Mas talvez o maior item na coluna de crédito de
nossa contabilidade – se é que alguém está autorizado a comparar, quando tudo é
tão precioso e vital – seja a verdade de que nenhuma companhia de Cristãos, nem
mesmo nós, pode reivindicar o monopólio da mesa do Senhor, ou de se reunir no
nome do Senhor. Se essa verdade tivesse sido conhecida trinta anos atrás,
talvez a divisão pudesse ter sido evitada.” Aqui, novamente, temos o
reconhecimento de que indivíduos antes professavam a verdade do único centro de
reunião, mas a abandonaram. Depois de a abandonarem, eles passam a chamar de “grande”
verdade o erro que adotaram.
Napoleon Noel
(depois de sair em divisão) afirma em seu livro (“A História dos Irmãos”, vol. 2, pág. 658) que “nenhuma companhia
de Cristãos pode ter a posse exclusiva da mesa do Senhor, da mesma forma que não
pode reivindicar a posse exclusiva do Próprio Senhor. Tal alegação seria puro
fanatismo.” Muitas citações como essa poderiam ser acrescentadas aqui, mas
seria redundante.
Para citar um
caso, deixe-nos perguntar, “Você consegue encontrar alguém entre aqueles que saíram
na divisão de Perth (1992) que professe que existe um único centro divino de reunião na Terra e que a mesa do Senhor
só poderia estar nesse único lugar?” Com exceção da comunhão de Raven, que possui doutrinas
blasfemas, eu não acho que haja uma divisão entre os irmãos que sustente que existe
um centro divino de reunião. Tudo se resume a este simples fato: não pode haver
duas (ou mais) mesas do Senhor. Não pode haver duas (ou mais) comunhões de Cristãos
na Terra com as quais o Senhor Se identifique como estando no divino terreno de
reunião, mesmo que exteriormente elas se reúnam de maneira similar. Caso Ele Se
identificasse, Ele estaria consentindo na divisão do testemunho público da
Igreja.
Para aqueles
que foram reunidos ao Seu nome, existe sempre o perigo de serem desviados desse
terreno pelo inimigo; e quando isso acontece, os que saem são geralmente os
mais ferozes adversários da verdade do único lugar de reunião. Antes de sua
morte, J. N. Darby detectou uma degradação geral na manutenção da verdade do único
centro de reunião entre os irmãos e disse: “A maior parte do conflito coletivo está
na deliberada incompreensão da verdade de Cristo como o único centro de reunião.
Não existe adversário mais feroz dessa verdade do que aquele que a conhece, mas
não anda nela.”
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