Em segundo
lugar, as Escrituras nos dizem que Deus tem um LUGAR – um terreno eclesiástico – na Terra “onde” Ele gostaria de ter os Cristãos
reunidos para expressar a verdade de que há um só corpo. Este centro de reunião
é o próprio Cristo. O mesmo versículo que citei (Mateus 18:20) diz, “Porque
onde estiverem dois ou três reunidos em [para o] Meu nome, aí, estou Eu
no meio deles”.
Como mencionado, este lugar de reunião no Cristianismo não é um centro
geográfico literal, mas um terreno espiritual envolvendo princípios bíblicos relacionados com a forma como os Cristãos
devem reunir-se para adoração e ministério. Aqueles que estão nesse terreno não
estão reunidos em torno de princípios, mas de uma Pessoa – o Senhor Jesus
Cristo.
Este centro de reunião
é um lugar de escolha do Senhor, onde Ele colocou o Seu nome e onde Ele reúne
os crentes. Observe que o versículo diz “onde”, e não “onde quer que”, como alguns Cristãos
gostariam de interpretar. Muitos pensam que o versículo está simplesmente
dizendo que sempre e onde quer que um grupo de Cristãos se reúna (seja para uma
xícara de café em uma cafeteria local, ou para algum propósito recreativo, etc.),
eles têm a presença coletiva do Senhor com eles. Agora, é verdade que, quando
os Cristãos se reúnem para qualquer propósito que tenham em mente, a presença
do Senhor está com eles individualmente, pois Ele disse, “E eis
que Eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos” (Mt 28:20). E, “Não
te deixarei, nem te desampararei”
(Hb 13:5). Mas não
é disso que o versículo em Mateus 18:20 está falando. Existe uma diferença na
Escritura entre a presença do Senhor com Seu povo individualmente e a presença do Senhor com um grupo de crentes coletivamente como uma assembleia reunida para adoração, ministério
e para ações administrativas de ligar e desligar. É a este último aspecto
coletivo que Mateus 18 está se referindo.
Contexto é tudo
na interpretação Bíblica. Se olharmos o capítulo (Mateus 18), veremos que, nos
versículos que antecedem o versículo 20, o Senhor estava falando da assembleia
em sua capacidade administrativa para ações de ligar e desligar. O capítulo tem
a ver com a autoridade que a assembleia local tem para tais ações, já que o Próprio
Senhor está no meio. O Senhor está ali no meio, sancionando a própria
existência daqueles reunidos pelo Espírito para o Seu nome, como também suas
ações administrativas. Dito isto, apresso-me a dizer que a presença do Senhor
no meio daqueles que Ele reuniu não sanciona o estado deles (pois ele pode ser extremamente baixo), mas sim
o terreno em que se reúnem. O “onde quer que” constitui um lugar de nossa escolha; “onde”, que é o que a Escritura diz, constitui um lugar de Sua escolha. É por isso que costuma ser chamado de “o
lugar de Sua designação”.
Lucas 22:7-10
estabelece o mesmo ponto: existe um lugar na Terra (um terreno espiritual) “onde” Deus gostaria que os crentes congregassem. O Senhor
Jesus estava prestes a instituir a ceia do Senhor – o partimento do pão (Lc
22:19-20; 1 Co 10:16-17, 11:23-26) – e desejava que Seus discípulos fizessem isso
no lugar escolhido por Ele. As coisas em Israel naquela época estavam em
desordem e havia muita corrupção, que ia desde os principais sacerdotes e
anciãos até o cidadão comum. Como consequência, o Senhor não foi reconhecido
como seu Messias. Na verdade, eles estavam se preparando para matá-Lo! (Lucas
22:2) O povo continuou com a celebração da Páscoa, mas estava rejeitando aqu’Ele
que era o cumprimento da Páscoa. Logo, havia muitas casas em Jerusalém naquela
noite em que a festa era celebrada, porém havia apenas um aposento onde o Senhor
estava presente – o lugar que Ele tinha designado para Seus discípulos. Do
mesmo modo, a Cristandade está em desordem e, como consequência, existem muitos
lugares onde os Cristãos se reúnem hoje, mas o Senhor não está lá num sentido
coletivo para sancionar aquele terreno no qual eles congregam.
Hebreus 13:13
nos diz que esse lugar designado pelo Senhor – onde Ele está no meio – é “fora
do arraial”. O “arraial” é uma palavra que o Espírito de Deus
usa para indicar o judaísmo e todos os princípios e práticas judaicas. Os Cristãos
em geral não entenderam esse ponto e levaram ao seu lugar de adoração muitas
coisas relacionadas com a adoração judaica. Eles ignoraram o claro ensino da Escritura
que diz que o tabernáculo é uma figura do verdadeiro santuário ao qual agora temos acesso
pelo Espírito (Hb 9:8-9, 23-24). Em vez disso, eles usaram-no como um padrão para as suas organizações eclesiásticas. Eles
ergueram grandes templos e catedrais “feitos por mãos de homens” (At 17:24-25), adotando muitas coisas do Velho Testamento
em sentido literal como um padrão para a sua adoração. Em grande medida, eles não
entenderam o fato de que o verdadeiro terreno Cristão de reunião e de adoração
é um caminho inteiramente novo de se aproximar de Deus “em espírito e em verdade” (Jo 4:23-24; Hb 10:19-20). Tal terreno está
totalmente fora dos princípios e práticas judaicas. Quem procura esse lugar
designado pelo Senhor teria que olhar fora de todos esses lugares na Cristandade
(seja a Basílica de São Pedro em Roma, ou a menor capela evangélica), pois todos
esses lugares têm, em graus variados, os aparatos do judaísmo entrelaçadas na
estrutura de seus cultos de adoração.
1 Coríntios
10:21 nos diz que existe algo que é a “mesa do Senhor”. Não é uma mesa literal que os
irmãos têm nos locais de reunião sobre a qual eles colocam os emblemas para a
ceia do Senhor. Ao contrário, trata-se de um termo simbólico que indica esse terreno no qual o Espírito de Deus
reúne os crentes ao nome do Senhor Jesus. É onde a unidade do corpo é exibida,
e onde Cristo está no meio. Uma “mesa” na Escritura simboliza comunhão. No caso da mesa do Senhor,
simboliza o verdadeiro terreno de comunhão que Deus tem para todos os Cristãos,
onde a autoridade do Senhor é reconhecida e onde existe submissão a ela. É por
isso que se chama mesa “do Senhor”.
Existe uma figura
dessa verdade do centro divino de reunião em Deuteronômio 12, à qual eu fiz
alusão anteriormente. O Senhor tinha um lugar no qual Ele reuniu Seu povo,
Israel. “Haverá um lugar que escolherá o Senhor vosso
Deus para ali fazer habitar o Seu nome” (v. 11). Os filhos de Israel deviam “trazer” seus holocaustos e sacrifícios àquele lugar (Dt
12:5-6), celebrar suas festas anuais lá (Dt 16:2, 6, 11, 15-16) e ter seus
problemas resolvidos pelos sacerdotes, levitas e juízes que estavam lá (Dt
17:8). É significativo, no entanto, que em todas as muitas referências de
Deuteronômio ao lugar de escolha do Senhor, não nos é dito onde
fica esse lugar.
À medida que a história de Israel se desenrola nas páginas da Palavra de Deus,
aprendemos que era o lugar Jerusalém (Sl 78:68; 1 Rs 11:13, 32, 36, 12:20,
14:21, 15:4, etc.). Ele não é mencionado em Deuteronômio porque o Senhor queria
que Seu povo fosse exercitado em procurá-lo quando eles entrassem na terra. Do
mesmo modo, no Cristianismo, nenhuma das passagens que vimos no Novo Testamento
nos diz onde é esse lugar – este é um exercício para cada Cristão. Isso é
ilustrado em Pedro e João perguntando ao Senhor, “Onde queres que a preparemos?” (Lc 22:9).
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